Arte Bizantina – a arte cristã (313 D.C – 1460 D.C)
O império bizantino surge com o colapso do império Romano em 395, quando o imperador Teodósio dividiu os territórios em dois no Império Romano do Ocidente que englobava a Itália, a Gália, Espanha, África do Norte, onde o latim era oficial e em Império romano do Oriente englobando o Egito, a Palestina, a Ásia Menor, a Grécia e a Macedônia, onde se falava o grego. E a partir de 380 d.C o cristianismo se tornou a religião oficial nos dois impérios.
Em 330 o imperador Constantino criou a cidade de Constantinopla que aproveitou de sua posição estratégica para transformar-se em um importante centro comercial, tornando-se uma das cidades mais seguras por ser cercada por águas e por possuir uma imponente fortificação ficou salva dos conflitos do início da Idade média.
A arte sacra bizantina foi desenvolvida no oriente e é oriunda dos estilos da antiguidade grega e romana, sofrendo influência da cultura persa e pelos povos orientais é essencialmente religiosa e a arte cristã teve um começo surpreendente afinal os doze discípulos andaram pelo mundo e o modificaram espiritualmente, numa época em que a religião, o império e o patriotismo eram muito ligados e a arte era então oficial, imperial e pagã e por isso a arte cristã começou em uma pequena escala, a forte utilização de cores como o azul e o vermelho característico desse estilo deve-se justamente a essa associação da vida política e da religião.
Como toda a forma de culto religioso possui, portanto certas necessidades para sua prática a primeira na criação de um local no caso a igreja, a segunda na criação dos primeiros símbolos como a bíblia, o crucifixo, a primeira imagem de santo, a primeira virgem e o menino, sendo assim a arte eclesiástica é uma arte que serve as necessidades da igreja, que era basicamente educar os fiéis e converter os pagãos.
Toda a cultura bizantina desde a arquitetura, escultura, pintura, bordados e manuscritos, entre outros está intrinsecamente associada à fé e expressa também os próprios sentimentos que experimentam sua fé.
Com isso é possível entender a história desse estilo e dividi-lo em cinco períodos:
- O período Constantiniano (313 – 526) foi o momento inicial quando vários elementos se combinam para dar forma ao que seria o estilo bizantino e pouco resta de obras desse período sendo basicamente caracterizado pelas criações arquitetônicas.
- O período Justiniano (527 – 565) foi caracterizado pela fixação dos grandes traços dessa arte imperial, com formas naturalísticas em seus ornamentos sempre mais elaborados. Esta mesma tendência apresenta-se também nos tecidos de seda. Corresponde também a primeira idade áurea bizantina. As plantas arquitetônicas neste período diversificaram-se em planta retangular com armação, ou centrada, com número de naves variável e coberta com uma cúpula. A fase iconoclasta é caracterizada pela rejeição da representação do divino e favoreceu o aparecimento do monaquismo e o surgimento da escola da Capadociana. Neste período ocorre o início da fase iconoclasta (movimento que lutava contra os ícones e depredava as imagens e perseguia aqueles que as cultuavam e que terminou em 843). No século VIII Leão Isáurico (Leão II, 675 – 741) travou uma grande luta contra a utilização das imagens, sua reprodução e utilização em cultos. A produção artística de destaque no período Justiniano foi à produção de objetos de metais.
- O período Macedoniano (867-1057) é o segundo movimento áureo e ocorre depois da era iconoclasta e a partir daí vemos o ressurgimento artístico devido às novas conquistas; esta nova arte sacra imperial humanizou-se e por isso também ganhou o nome de Renascença Macedônica diferenciando-se da arte clássica pela exaltação ao divino (Teocentrismo) e não do homem (Antropocentrismo), o desenho arquitetônico em cruz chega à perfeição e os seus santuários ficam menores, suas cúpulas agora são sustentadas pelas abóbodas ou por arestas. São também nesse século que as igrejas ganham um sistema hierárquico onde cúpulas, abside e a parte superior ficam destinadas, a Cristo, a Virgem Maria e Santos. Na parte intermediária a decoração retrata cenas da vida de Jesus e a parte inferior é utilizada para apóstolos, mártires e profetas. Nessa época a escultura em marfim também foi muito utilizada. A disposição, o colorido e a apresentação de diferentes cenas variavam sutilmente e criavam a ilusão de espaço e transformavam em tensão dinâmica a superfície achatada e estática das figuras. A produção artística desse período é produzida em dois centros principais de produção os grupos romanos (os artistas que expressa essa fé vivida mediante a experiência pessoal do artista) e os grupos nicéforos (onde os iconógrafos que seguia os ensinamentos do Mestre Dyonisios buscam reproduzir as mesmas passagens dos evangelhos, omitindo qualquer experiência ou sentimento pessoal vivido, expressando somente o conteúdo dos Evangelhos). Há destaque também na forte produção de esmaltados e artesanatos em metais. Outro fato marcante desse período são as divergências de princípios do catolicismo romano e bizantino chegando ao auge em 1054, quando o Cisma do Oriente estabeleceu a divisão da igreja em católica apostólica romana e ortodoxa e com isso o oriente passa a sofrer influências distintas do ocidente.
- O período Comneniano (1058-1257) é o período onde arte encontra-se mais espiritual e será fonte inspiradora do estilo bizantino dos Bálcãs e da Rússia isso porque em 13 de abril de 1204, ocorre a invasão de Constantinopla pelos cruzados. A cidade sucumbiu e sofreu um saque. Os habitantes da cidade foram dizimados os monumentos foram destruídos e as riquezas roubadas ficaram com os venezianos, com isso o império bizantino desfez-se em pedaços. Muitos artistas refugiam-se nos impérios gregos formados em Nicéia, em Trebizonda e em Mistra. Surge então um novo estilo da arte bizantina oriunda dos Bálcãs, Rússia Grécia e Ásia menor desenvolvendo ícones com destaques brilhantes no rosto e na roupa adicionando então um movimento a imagem. A arte Comneniana marca uma independência maior da tradição e cria um formalismo de emoção puramente religiosa. A arte bizantina dos Bálcãs e da Rússia possui nos ícones e na pintura seu esplendor artístico.
- O período Paleologuiano (1258-1460) ou terceira idade áurea é o período em que apesar do desaparecimento do império, a arte bizantina manteve-se nas regiões mais diversas, como Iugoslávia, Bulgária, Romênia, e a Rússia o realismo e a decoração narrativa generalizam-se nas cenas que agora são representadas cheias de personagens, os afrescos multiplicam-se por ser uma técnica de baixo custo. Surge a Escola de Constantinopla que produz obras mais vivas e autênticas. Observa-se nesse período uma crescente o empobrecimento dos materiais e por isso a predominância de afrescos sobre o mosaico acontece. Tessalônica, Trebizonda e Mistra continuam como grandes centros produtores de artes, porém duas escolas ganham destaque a de Escola de Salonica que continua com a tendência macedônica e a Escola de Constantinopla cheia de vitalidade e originalidade. Apesar de a produção artística continuar o império Bizantino não podia voltar a ter o seu antigo vigor com a pilhagem, incêndios, com seus palácios em ruínas e praças abandonadas a bela Constantinopla já não existia mais e o triunfo do capital comercial italiano sobrepujava a “rainha das cidades”.
- O período Ítalo-bizantino surge com a ocupação parcial entre os séculos VI e XI que foi desenvolvido em Veneza, Siena, Pisa, Roma e na Itália meridional a exemplo da Igreja de San Marco em Veneza mostra como esses valores estéticos atingiram o oeste. A catedral de Pisa também mistura elementos romanescos aos bizantinos. Surgem pintores gênios como Duccio e Giotto que lançaram os fundamentos da pintura italiana valendo-se dos ícones. Essa influência repercutiu até meados do século XIV, sobretudo no início da pintura veneziana. Acredita-se que essas influências foram importantíssimas para o início da Renascença italiana devido ao contato comercial com o país latino, assim como pelo espólio realizado pelas cruzadas.
O importante é que a arte bizantina sobreviveu além da queda de Constantinopla em 1453, invadida pelos otomanos liderados pelo Sultão Otomano Mehmet II, suas influências estenderam-se durante o século XV e parte do século XVI em regiões em que dominava a ortodoxia grega, os historiadores da arte concluíram que nas últimas décadas da arte de Bizâncio foi um período difícil para a proteção da arte. Porém mostra o gênio artístico de uma cultura de 1100 anos.